Amigo do esporte,
em minha última coluna abordei o fato de nossa delegação olímpica ser tão numerosa e o gasto enorme com ela para pouco resultado. Jamais critiquei os atletas que lá estão. Critiquei sim, a falta de apoio, de estrutura e de planejamento por parte de nossos dirigentes que não se importam e nem fazem questão de traçar um projeto de formação de atletas. E enquanto isso não acontece, surge a cada Olimpíada um herói imprevisto, um herói anônimo que de repente, mesmo sem qualquer apoio, surge do nada e chega a glória. Tivemos inúmeros casos.
A bola da vez é Rebeca Andrade. Três cirurgias, quase o abandono de carreira, e eis que ressurge para nos empolgar e nos encher de orgulho. Essa paulista de Guarulhos de 22 anos, lutou muito para chegar onde chegou. Iniciou a carreira profissional em 2012 com 13 anos.
Hoje no Flamengo, teve muita dificuldade para prosseguir buscando o sonho que se tornou realidade. O de ser uma ginasta de primeiro mundo, apesar de viver num país de terceiro mundo. Quantos atletas das mais diversas modalidades não poderiam brilhar se tivessem apoio, tanto estrutural quanto financeiro. Nosso país de dimensões continentais com uma população gigantesca poderia produzir atletas competitivos aos montes. Infelizmente toda a atenção é voltada para alguns esportes coletivos. Futebol, vôlei são os mais badalados.
O vôlei é um exemplo vivo de planejamento, de cronograma de trabalho, de projeto bem sucedido. O futebol de há muito tempo não merece toda essa atenção. Canoagem, boxe, atletismo, ginástica artística já nos deram medalhas importantes. E sem apoio nenhum. Outras modalidades também conseguiram sucesso sem qualquer apoio.
É muito triste saber que temos potencial em muitas modalidades e que lamentavelmente sem a estrutura e o apoio necessários se perdem na falta de preparo e na perda do controle emocional. E é por isso que quando surge uma Rebeca Andrade temos que enaltecer, agradecer e idolatrar esses atletas que por sua determinação, sua coragem e seu empenho nos presenteiam com apresentações antológicas como ela.
Que a performance de Rebeca sirva para que o CoB passe a trabalhar de verdade na formação de atletas para que tenhamos mais "Rebecas", mais heróis anônimos que nos contemplam com resultados improváveis e grandiosos, e que só aparecem na mídia depois das conquistas o que é profundamente lamentável. Só recebem atenção após a glória. Muito triste!
Parabéns, Rebeca! Você é o exemplo vivo de perseverança. Você é um fenômeno do esporte. E uma doçura de pessoa. Merece tudo de bom! Até mais!
Kommentare