Amigo do esporte,
após quase seiscentos dias, o público está de volta aos estádios em São Paulo. Alguns ainda vão criticar essa volta, com certeza. Mas a grande maioria assim como eu, está sorrindo de orelha a orelha com a volta do torcedor aos estádios.
O futebol ficou por último por incrível que pareça. Estádios abertos, ao ar livre, foram preteridos por cinemas e teatros locais fechados e de menor tamanho. Enfim, agora não é hora de se criticar e sim exaltar a volta do torcedor.
Não há como negar a injeção de ânimo que tem o jogador ao olhar para a arquibancada e ver a torcida vibrando. O jogador promove espetáculo, embora hoje seja difícil de mostrar habilidade. Está acostumado a manifestação da galera. Pode ser de apoio, pode ser de crítica, pode ser até de xingamentos. Mas ele quer ouvir o povão. Ele quer senti r a vibração. O futebol com estádio vazio mostrou que é frio, insosso, sem graça. Não empolga.
O próprio jogador se desmotiva porque não há cobrança. Quantos jogos assistimos sem emoção, com um futebol praticado como que por obrigação. O torcedor é a alma do futebol. Ele canta, vibra, grita, xinga. Ele é parte integrante do espetáculo. E não é coadjuvante, não. Às vezes exerce o papel principal incentivando seu time, fazendo parte de uma reação, sendo peça importante numa vitória.
Me lembro dos bons tempos nos estádios. Cada time entrava separado. O visitante já tomava aquela sonora vaia. E quando o time da casa entrava em campo, nossa! Que festa! Papel picado, rojão, bandeiras, batuques. O futebol era uma festa de verdade, um espetáculo. E graças ao torcedor que promovia essa maravilha.
O tempo passou, os rojões foram proibidos porque já não faziam parte da festa, eram utilizados para ferir adversário, o papel picado foi proibido porque ao invés de saudar a equipe na entrada em campo passou a ser queimado provocando incêndios, as bandeiras foram proibidas porque os mastros serviram de armas para matar, assim como os instrumentos para transportar dentro deles bombas, rojões e instrumentos cortantes.
O perfil do torcedor mudou. Mas quem sabe com essa ausência de quase dois anos, ele não volte mais pacífico, mais interessado em curtir seu time, em participar da festa literalmente. Torço para que essa volta traga também o bom senso e o equilíbrio de saber que o futebol é um esporte, um lazer e não uma guerra.
Morrer pelo futebol é inadmissível. Há que se viver o futebol. Amar seu time, vibrar intensamente. E após o jogo, se ganhar, ótimo. Uma cervejinha na barraca na saída, um papo com os amigos e a volta feliz pra casa.
Se perder, a mesma cervejinha, o mesmo papo com os amigos e a volta triste pra casa. Mas sabendo que tem a vida pra viver. Vida que segue. Sejam bem vindos torcedores. Que mudem o perfil violento em nome dessa ausência angustiante. Curtam o futebol. Até mais!
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