Amigo do esporte,
a importância de uma preleção é controversa. Uns dizem que é importantíssima. Outros que o que se fala nela já se falou ao longo de toda a preparação para o jogo. E você? O que acha? Tive a oportunidade de presenciar uma preleção de Jair Pereira, então treinador do Corinthians. Na época tinha muitas amizades com diretores do clube. Portanto tive esse privilégio. Pacaembu lotado, Corinthians recebia o Santos no último jogo antes das finais contra o Guarani. Precisando da vitória, mais uma vez a "Fiel" esteve presente.
No Hotel Danúbio, onde o Corinthians concentrava, na sala de conferências, os jogadores chegaram por volta das 13hs. Após a acomodação de todos, Jair pediu a Café, seu auxiliar, que lhe entregasse uma camisa do Corinthians. De posse dela, Jair colocou a mão esquerda por dentro dela até o escudo. Com a mão direita apontou o indicador para o escudo e disse aos jogadores: "vocês sabem o que é isso? Isso é Corinthians. Quando vocês chegarem ao Pacaembu quero que saibam que dos 45 mil que estarão lá, muitos deles não têm dinheiro para pôr pão e leite em casa. Alguns nem dinheiro para a condução tem. No entanto estarão lá gritando e incentivando vocês. Precisamos ser homens para pelo menos mostrar a eles que temos brio. A vitória será consequência do que fizermos em campo. Tática nós já falamos muito. Agora é hora de apelo ao coração, a dignidade. Se tivermos que perder, que seja com muita luta".
E disse mais palavras que enalteciam a torcida e o povo. Com certeza nesse caso a preleção valeu muito. Me arrisco aqui a tentar estar numa preleção de "Papai Joel". Como seria? Mais ou menos assim: "meus filhos, o jogo hoje é duro. O adversário é forte. É um clássico. Precisamos da vitória. Preciso garantir meu emprego e o emprego de vocês. Posso confiar em vocês? Vão ajudar o Papai"?. Ou então uma preleção de Vanderlei Luxemburgo, seria assim: "Porra, vocês têm que ser homens c........, têm que ir pra cima deles, fazer com que eles sintam medo e c.... nas calças. Se eu perceber que um de vocês está se c...., saco na hora. Preciso de homens hoje". Ou uma preleção de Tite: "é preciso que haja concentração e que essa concentração se transforme em velocidade e essa velocidade em agressividade". Seria mais ou menos assim.
O fato é que minha opinião é de que a preleção é de suma Importância no pré-jogo. Ela se bem feita, dá moral, ânimo, desperta o brio, o desejo de lutar. O jogador de hoje é na maioria um menino mimado. É preciso que o mantenha aceso, ligado. Uma palavra de incentivo pode ser determinante para que ele entre no clima do jogo. Seja qual for o linguajar, se atingir o objetivo é válido. Você não acha? Até mais!
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