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  • Foto do escritorJota Jorge

Música de hoje e sempre: "Espelho", de João Nogueira, por Diogo Nogueira

João Batista Nogueira Jr., o João Nogueira, é um dos grandes nomes de nossa música. Compositor extraordinário, portelense, criado no samba, fez páginas memoráveis de nossa música. Dentre tantas composições maravilhosas desse verdadeiro poeta do samba está "Espelho" faixa título do disco lançado em 1977, composta em parceria com outro monstro de nossa música Paulo César Pinheiro.

Uma obra prima de letra, onde revela o avançar da idade, e ao mesmo tempo a revolta pela perda do pai ainda criança. Imperdível, uma das mais belas composições de nossa música. Seu filho, Diogo Nogueira, interpreta aquela que foi, talvez a maior composição de seu pai. Curta bastante!

Letra

Nascido no subúrbio nos melhores dias

Com votos da família de vida feliz

Andar e pilotar um pássaro de aço

Sonhava ao fim do dia ao me descer cansaço

Com as fardas mais bonitas desse meu país

O pai de anel no dedo e dedo na viola

Sorria e parecia mesmo ser feliz


Eh, vida boa

Quanto tempo faz

Que felicidade!

E que vontade de tocar viola de verdade

E de fazer canções como as que fez meu pai (Bis)


Num dia de tristeza me faltou o velho

E falta lhe confesso que ainda hoje faz

E me abracei na bola e pensei ser um dia

Um craque da pelota ao me tornar rapaz

Um dia chutei mal e machuquei o dedo

E sem ter mais o velho pra tirar o medo

Foi mais uma vontade que ficou pra trás


Eh, vida à toa

Vai no tempo vai

E eu sem ter maldade

Na inocência de criança de tão pouca idade

Troquei de mal com Deus por me levar meu pai (Bis)


E assim crescendo eu fui me criando sozinho

Aprendendo na rua, na escola e no lar

Um dia eu me tornei o bambambã da esquina

Em toda brincadeira, em briga, em namorar

Até que um dia eu tive que largar o estudo

E trabalhar na rua sustentando tudo

Assim sem perceber eu era adulto já


Eh, vida voa

Vai no tempo, vai

Ai, mas que saudade

Mas eu sei que lá no céu o velho tem vaidade

E orgulho de seu filho ser igual seu pai

Pois me beijaram a boca e me tornei poeta

Mas tão habituado com o adverso

Eu temo se um dia me machuca o verso

E o meu medo maior é o espelho se quebrar (Bis)

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