Pouca gente sabe, mas tivemos além de Éder Jofre, um outro campeão mundial de boxe. Miguel de Oliveira nasceu em 30 de setembro de 1947 na cidade de São Manuel, interior de São Paulo. Ex-motorista de caminhão, a "fera de Osasco" ganhou notoriedade em um esporte carente de valores ao longo da história de nosso país. Dono de golpes potentes, de mãos pesadas, tornou-se Campeão Brasileiro em 1970.
Prosseguiu a carreira em ritmo alucinante e dois anos após, já figurava nos rankings da Associação Mundial de Boxe e do Conselho Mundial de Boxe (este, o de maior credibilidade na época), o que lhe garantiu o direito de desafiar o primeiro colocado do ranking, o americano Doc Holiday.
Miguel vinha de quatro nocautes seguidos e não teve dificuldade para vencer o americano após sete rounds, por desistência. Apesar disso, sofreu sua primeira queda na carreira nessa luta. Dois meses após, Miguel ganhava a oportunidade que mais aguardava. Disputaria o título mundial na categoria médio-ligeiro contra o japonês Koichi Wajima no Japão.
Foi a primeira luta de Miguel de Oliveira fora do estado de São Paulo, por incrível que pareça. O japonês vinha de três defesas de título e tinha um boxe agressivo. No Japão, Miguel foi superior ao adversário. Mas como aconteceu com Éder Jofre, os jurados entenderam que a luta foi igual e declararam o resultado de empate.
Em 974, a revanche contra o japonês. E, apesar de uma luta igual, Koichi Wajima foi declarado vencedor. Longe de se sentir frustrado, o brasileiro continuou sua caminhada para outra oportunidade. Após lutas difíceis pra chegar novamente ao topo, chegava o dia da nova oportunidade.
1975 era o ano. O adversário era José Duran, um dos maiores pugilistas espanhóis. Valia o titulo. E ao final da luta, por unanimidade, Miguel de Oliveira se sagraria campeão mundial.
Lamentavelmente, fora de forma e mal preparado, o brasileiro perderia o título em sua primeira defesa para Elisha Obed, das Bahamas. A luta foi na França. Depois disso, Miguel nunca mais foi o mesmo e abandonou o boxe em 1980.
Abraçou a carreira de treinador e colaborou com a projeção de outros grandes lutadores. Francisco Thomaz da Cruz, Ezequiel Paixão, Sidnei Dal Rovere e o grande Adilson Maguila Rodrigues foram alguns pugilistas treinados por ele.
Inesquecível para quem é amante do boxe, Miguel de Oliveira está eternizado no coração de quem curte esse esporte. Ao lado de Éder Jofre, forma a dupla de campeões mundiais produzidos no Brasil.
Grande Miguel! Valeu!
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